segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Teus olhos são estrelas

Confundo as vêzes
teus olhos com as estrelas,
pois são iguais,
exatamente iguais.

São lindos como elas
e neles contém mistérios
aos quais não atrevo-me a penetrar,
e sei que mesmo que quisesse
não deixariam,
fariam recurar-me,
pois talvez perderiam com isso,
um pouco do tudo que nele existe.

Eles me iluminam com seu brilho esplendor,
me fascinam
me relaxam.

Andam muito depressa,
apesar de parecerem
parados e calmos;

As estrelas inspiram os poetas
e teus olhos inspiram a mim.
São tristes mas sorriem
e fazem-me sorrir.

Tudo em seus olhos é bonito,
como nas estrelas, mas...
o que mais me envolve
em teus olhos
é o corpo que os possui,
é o ser que os dá vida,
é você.

Fatima
20. 06. 79

Quando

Quando virdes
meus olhos lacrados,
trancafiados para nunca mais abrir,
peço-lhe que pense em mim,
viva, sorridente.

Pois se isso acontecer
transmitirei a você
depois de morta,
vida, muita vida e...

Se acaso sentires vontade de chorar,
não chores
por estar em frente a muita gente.

Sorria de verdade,
sem falsidade,
sorria por mim
pois quando isso acontecer
estarei com você,

feliz para a eternidade.

Fatima
xx. 06. 1979

Noite

Noite escura, tenebrosa.
Dá-me medo, me domina,
acolhe ao mesmo tempo minhas súplicas de amor.

Curvo-me a ti, ó noite tenebrosa,
num ato de agonia e desespero.
Amo-te da mesma forma
como se a tua escuridão me iluminasse.

Parece-me agora que tu também tens medo de algo
e por isso esconde tuas estrelas num mando negro
que mais parece luto.
Mas teus amigos não morrem,
nem te deixam a esperar.

Pode haver tempestado, raios e trovões,
mas apesar de parecerem ruins
ainda estão aí contigo,
não te deixam.

Começo aliviar-me,
mas não sei quanto tempo.
Ó noite tenebrosa
dá-me paz,
leva-me junto a ti.
Ama-me, noite tenebrosa,
por favor.

Faz-me confiar em ti,
ensina-me a amar-te.

Faça tudo, por favor,
mas não deixa-me aqui,
só, triste
e com medo de ti.

Fatima
11. 06. 79

domingo, 2 de agosto de 2009

E agora? Não sei!

Não sei se foi bom ou será mal,
não quero que sofras nem quero sofrer.
Não quero que esqueças,
pois não vou esquecer

Tu vais embora, eu sei
E vai vencer.

E quando estiveres no auge,
peço-lhe somente que olhe para trás
e lembre-se que um dia
numa barca da vida,
esteves aqui e que aqui te conheci,
minha amizade ofereci, mas agora...

Agora você está aí - E eu te perdi, mas sei
que estás feliz e que continue assim,
mas por favor,
não esqueças de mim.

E... e agora? Não sei!
Sejas feliz

Ame a natureza como a ti próprio - "viva"

Fatima
10.06.1979

O meu ontem

Foi bacana.

Vivi, não vi.
Não tenho certeza.
Amei,
Beijei,
Corri,
Sorri.
Eu tinha a ti.

Ontem cantei.
Sonhei,
Tentei, mas não conegui.
Entristeci,
Agradeci.
Eu tinha a ti,
Mas o perdi.

Apenas amei e sonhei.
Porém acordei.

Fatima
10. 06. 79

Loucuras de um eu qualquer

Como diz a velha frase...
Ser ou não ser, eis a questão,
Sou ou não sou?
Mas o que sou?
Creio que sou, de carne e osso, que tenho sentimentos e raciocínio, porém muitas vezes deixo-me de lado, elevando minha mente a um nada, saio de mim e coloco-me como mero espectador ede mim mesmo, e, nestas horas, vejo em mim um nada, olho-me por cima, como se estivesse assistindo a um espetáculo em que o artista principal fosse o meu eu, andando, apenas uma marionete da vida, pensando...
Pensando!?
Marionete pensa,
Fujo de mim, minha mente sobe ao meu outro extremo, e eu, o meu outro eu, percorre estradas sem compromissos, olhando sempre para um nada, um nada o qual alcanço agora o tudo, o verdadeiro "eu", alcanço até, digamos o "clímax" de sobrevivência, de ser, de poder estar.
Continuo em meu ser, observando o meu não ser.
Mas, será o meu ser espectador um ser real? Ou o real é aquele que agora observo?
Será que teno capacidade de me autoanalisar fora de mim mesmo? Mas, mesmo podendo isso, eu me autoanaliso fielmente? Ou persisto em minha mente que o eu está sendo observado, continua sendo eu de carne e osso, que está a dublar o eu que não estou vendo?
São tantas perguntas sem resposta, tantas analises e autoanalises ao meu eu observado e "eu" aqui em cima me faço uma última pergunta:
- Será que ao sair do meu eu observado por mim, não estarei sendo também analisado por ele?
Será eu, ou "eu" o certo?
Será que há certos?
Continuo pensando...
Qual "eu" existe?
Será que existem?
Concluo, portanto...
Ser ou não ser, eis a questão.

Fátima
24. 11. 1980